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Ester Samara: "sinto o machismo nas arquibancadas"

Ester é torcedora do Baraúnas, estudante de educação física e sonha em trabalhar com esporte.

foto: cedida

Ester Samara é mossoroense, tem 19 anos e hoje está no primeiro período da faculdade de educação física na UNIP. Seu sonho é trilhar o caminho profissional pelo esporte, uma vez que essa paixão vem de berço. Ou melhor, vem de família. Em contato com o Blog Larissa Maciel, ela conta sua história como torcedora e mulher nas arquibancadas do estádio Leonardo Nogueira.


Quando começou o amor pelo futebol?


O amor pelo esporte começou através do meu pai e do meu tio, ambos torcem pelo Baraúnas e pelo Botafogo e desde pequena ambos me levavam para o Nogueirão e eu não gostava de ir kkkk achava chato, chorava, segundo relatos deles, fui começar a ter interesse como diz o ditado "quando me entendi como gente" mais ou menos nos 11/12 anos, comecei a me interessar pelo Baraúnas, pelo Botafogo onde ambos também me colocavam pra assistir jogos na televisão e também pelo futebol no geral e até criar vontade de jogar.


E quando surgiu a identificação com o Baraúnas?


Identificação mesmo veio por volta dos 12 anos quando comecei a sentir interesse, a gostar das cores da camisa, gostar da vibração da torcida e começar mesmo a se arrepiar quando ia pra o estádio. Daí me declarei torcedora, busquei o time, ajudava da forma que podia, vestia a camisa do time, buscava ir todos os jogos, principalmente com meu tio que foi o que mais me incentivou, me levava e me apoiava e fazia com o que eu me sentisse bem estando ali. Hoje em dia sou uma torcedora apaixonada pelo Baraúnas, mais de 10 camisas do time, onde o Baraúnas estiver, eu estarei, amo as cores, a história, me sinto bem estando no Nogueirão (Tenho uma foto que reflete muito isso) e vou até o fim pelo meu time do coração.


O Baraúnas tem um histórico de nomes femininos na presidência. É o caso de Josirene, Bárbara e Izabel. O quanto isso pode ser representativo para as torcedoras?


Os nomes femininos que há dentro do Baraúnas pesa muito positivamente pois nós torcedoras sentimos mais vontade ainda de estar ali, vemos um nome feminino a frente de um clube de nossa cidade, vemos uma mulher correndo atrás de tudo para colocar o time em campo e agradar a torcida.


Sabemos da dificuldade que além de estar à frente de um time, tem também o preconceito que ainda aflora mundo a fora.


Barbara pra mim foi o exemplo que mais vi de perto, foi uma pessoa que me acolheu, foi uma pessoa que eu vi o coração gigante e a vontade enorme de ajudar o time. Ver Barbara ali correndo atrás, indo em buscas de melhorias pra o time, ver Barbara indo atrás de colocar a torcida dentro do estádio por exemplo no jogo contra o Riachuelo, ver ela colocar o Baraúnas pra jogar depois de 2 anos longe dos gramados, foi um sentimento de gratidão e uma emoção sem igual.. Sou grata a ela por me proporcionar mais liberdade em poder ajudar o clube, por ter trago o time novamente pra jogar e continuar mantendo o baraúnas em pé.


Você sente o preconceito nos estádios?


Com certeza. O preconceito ainda existe. Eu infelizmente passo esse preconceito dentro doa estádios, mas também fora quando sou chamada de " Macheira" por usar camisa de time onde eu for, por jogar bola, por deixar de ir pra um aniversário por exemplo, Para ir ao Nogueirão, e chegar lá e ver pessoas falando que as torcedoras estão lá atrás de macho, ou xingar por exemplo uma bandeirinha ou juíza e me sentir mal por ela estar onde ela quer e eu ser mulher e presenciar isso. Acaba às vezes sendo revoltante.


Tem algum momento marcante como torcedora?


Sem dúvida não tem como dizer só um kkkk Mas os POTIBA em si são sempre marcantes, pois o futebol nordestino é calor, é emoção, é música em prol do time, é pular na arquibancada com emoção pelo seu time de coração.


Outro momento muito especial pra mim foi o 1° jogo que assisti do Botafogo no estádio Castelão em Fortaleza, onde o Botafogo estava no jogo de volta pela copa do Brasil em 2014 e havia perdido o 1° jogo por 2x1 e precisava reverter o placar na casa do Ceará.. o jogo foi repleto de emoções e o Botafogo fez o gol da vitória por 5x4 faltando apenas 10 segundos pra acabar o jogo. Foi icônico pra mim como torcedora.


O que sonha para as mulheres no esporte?


Mais espaço, mais visibilidade, mais igualdade. Falo até mesmo por mim, sou estudante de educação física, quero trabalhar no esporte, mais precisamente no futebol e sonho que as mulheres tenham cada vez mais espaço, principalmente no futebol onde a sociedade impõe que é um Esporte masculino.

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